terça-feira, 5 de abril de 2011

E os bons professores, para onde estão indo?

 Está cada vez mais evidente que a educação familiar não está sendo eficaz. Os motivos? Bem, são inúmeros, mas cito um: a decadência dos valores familiares. O que vemos atualmente são filhos que não respeitam os pais, pais que não impõem mais limites a seus filhos, e assim por diante. E essa decadência reflete diretamente na escola. O mesmo desrespeito que os alunos têm pelos seus pais, têm também pelos seus professores, e assim a escola tem se tornado um ambiente complexo, repleto de alunos oriundos de famílias desestruturadas que não conseguem educar seus filhos.

     Muitos pais chegam a pensar que a escola vai resolver os problemas dos filhos, ou que a mesma tem a obrigação de ensinar a eles valores básicos como respeito, cordialidade, e até mesmo questões básicas como higiene pessoal. É claro que a escola cumpre sua missão quando vai além dos conhecimentos formais, orientando os estudantes no que diz respeito à cidadania, à saúde etc., mas isso deve ser um complemento do que a criança ou adolescente já presencia em sua casa no dia a dia, pois como dizia um velho ditado, “a escola é a segunda casa do aluno”.

     Em meio a todo esse contexto, entra uma figura: a do bom professor. O bom professor ao qual me refiro aqui é aquele comprometido verdadeiramente com a educação de seus alunos, aquele que não está na sala de aula para ser alguém que apenas transmite informações, mas sim que entende a educação como um processo importante e fundamental na trajetória do aluno, e que por isso busca novas estratégias de ensino, e se aperfeiçoa constantemente e que, seja ele funcionário de uma escola pública ou particular, tem o mesmo compromisso que teria com seus próprios filhos.

     Esse bom profissional, na minha humilde opinião, tende a entrar em “extinção”. Por que isso? Porque simplesmente não está sendo valorizado como categoria, não é respeitado pela sociedade como um todo: governo, família, escola... Não tem ainda um salário digno do seu empenho profissional; muitas vezes é substituído por mão de obra barata ou não especializada; não é visto pelo seu alunado como um profissional importante e por causa disso sofre violência física ou verbal; em muitos momentos é visto como o único culpado pelo mau desempenho dos alunos, e assim por diante. Dessa forma, o “bom professor” está se sentindo cada dia mais desvalorizado, não só como profissional, mas até mesmo como pessoa. E a “extinção” se dará com a migração desses profissionais para outras áreas. Tenho visto vários exemplos de professores que têm formação de pós-graduação e que estão voltando para a sala de aula como alunos de outros cursos de graduação, cursos para concursos públicos ou até mesmo investindo em seu próprio negócio.

     Para o profissional que está saindo da área educacional pode ser uma boa opção, mas para nossos jovens, não. Nossas escolas estão perdendo, assim, ótimos profissionais, dedicados, bem formados, mas que não estão mais suportando a situação dessa profissão. Fica aqui um alerta: enquanto nossa sociedade não se conscientizar sobre o valor da educação, da escola, e do professor, nosso futuro ficará comprometido, pois nem todos os nossos jovens terão a oportunidade de ter como professor um profissional cuja escolha de ensinar foi provocada não por falta de opção, mas sim por escolha consciente e feliz!

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